Evangelho do dia - Mt 9,14-15 - Reflexão do Pe. José Erinaldo

Imagem: A pergunta dos fariseus. Aquarela de James Tissot (1886), Brooklyn Museum, Nova York

Naquele tempo, 14os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?”

15Disse-lhes Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão”.

Reflexão:

3º dia do nosso retiro quaresmal.

1. Os discípulos viviam certamente a mesma austeridade dos fariseus, que praticavam o jejum mais do que o recomendado, por exemplo duas vezes por semana. O judaísmo ensinava jejuar uma vez por ano. Não vendo tal prática nos discípulos de Jesus, os discípulo de João Batista e os fariseus fizeram uma observação de reprovação. Eles estavam tão concentrados na observância penitencial ao ponto de não perceberem a visita de Deus, a presença do dom salvífico. Foram formados para cumprir a Lei e não para libertar o homem. Se bem que alguém pode perguntar: mas cumprir a Lei não significa libertação? Depende, pois alguém pode cumprir a Lei para ser justo diante da sociedade, diante dos outros semelhantes; outros podem fazê-lo realmente tendo o homem como aquele que deve ser libertado. Nesse segundo caso, age Jesus Cristo, dando o verdadeiro sentido da Lei. 

2. Jesus responde a questão que lhe foi apresentada com um provérbio: "Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles?" A presença do Noivo, Jesus Cristo, é sinal de alegria, pois significa a presença do Reino de Deus entre os homens; significa também que chegou a salvação, o tempo de libertação para todos os que abraçarem essa novidade. Além disso, comparando-se a um noivo, Jesus revela o caráter esponsal de sua relação com a Igreja, da qual é a Cabeça. 

3. O jejum não é rejeitado por Jesus, mas colocado no seu devido tempo, na hora exata, no momento oportuno: "Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão". Depois de Sua ascensão, a Igreja, por Ele mesmo enviada ao mundo, mediante a força do Seu Espírito, enfrenta enormes desafios, perseguições, sofrimentos, rejeições, morte (os mártires), lutas constantes, em vista do reencontro na parusia. Este tempo que vem desde a ascensão e vai até o juízo final, é o tempo de deserto da Igreja, é a sua quaresma prolongada, é seu período de jejum e abstinência.

4. Alguns pontos são muito importantes sobre o jejum: permite a quem o faz refletir sobre suas próprias limitações (nesse sentido combate seu orgulho); permite-o descobrir a necessidade do outro (ensina a solidariedade); estimula-o a comunhão com Deus (não só de pão vive o homem); impulsiona-o à prática da caridade. É necessário ser, antes de tudo, consciente da própria fé, decidido na caridade, aberto à esperança, para se poder colher os benefícios do jejum; precisa ter um horizonte essencial, uma meta a ser alcançada, uma vontade de realização em Deus.

Um forte e carinhoso abraço.

Padre José Erinaldo

Padre José Erinaldo Ferreira de Lima 

Pároco da paróquia de Nossa Senhora de Fátima, em Mangabeira, zona norte do Recife. Natural de Canhotinho, Pernambuco.

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