Evangelho do dia - Lc 5,27-32 - Reflexão do Pe. José Erinaldo
Naquele tempo: 27. Jesus viu um cobrador de impostos,
chamado Levi, sentado na coletoria. Jesus lhe disse: "Segue-me". 28.
Levi deixou tudo, levantou-se e o seguiu. 29. Depois, Levi reparou em casa um
grande banquete para Jesus. Estava aí grande número de cobradores de impostos e
outras pessoas sentadas à mesa com eles. 30. Os fariseus e seus mestres da Lei murmuravam
e diziam aos discípulos de Jesus: "Por que vós comeis e bebeis com os cobradores
de impostos e com os pecadores?" 31. Jesus respondeu: "Os que são
sadios não precisam de médico, mas sim os que estão doentes. 32. Eu não vim
chamar os justos, mas sim os pecadores para a conversão”.
Reflexão:
4º dia do nosso retiro quaresmal.
1. Jesus tem a iniciativa do chamado. Sua missão é conduzir todos a uma verdadeira conversão, uma profunda mudança de vida. Lc observa que Jesus age como um médico, procura os doentes para lhes conceder a cura da alma antes de qualquer outra coisa. Os doentes aqui são todos aqueles ou aquelas que reconhecem sua condição de pecador, necessitados da ação misericordiosa de Deus, que conhecem a distância existente entre eles e o Senhor da vida, mas que estão abertos à iniciativa de Deus em suas vidas. No contexto de Lc, o chamado de Jesus exige uma resposta imediata, total e para toda a vida. Diante do convite de Jesus, não existe espera, pois o tempo é agora, a necessidade de mudança está dilacerando os corações, e o mundo anseia pela revelação dos filhos de Deus.
2. Jesus chama um pecador público, um cobrador de impostos, ladrão, como eram tratados. Ao convite de Jesus, Levi responde, largando tudo, levantando-se e seguindo seu novo Mestre. Vejamos a seqüência de verbos: largar (tudo): sinal de que encontrou o verdadeiro tesouro e por ele entrega toda sua vida; levantar-se: sinal de que estava no chão, talvez caído, sem horizonte, sem futuro, mas que agora encontrou a razão de sua existência, o motivo mais brilhante e mais importante de toda sua vida; seguir: conclusão do processo da descoberta de Deus, da conversão verdadeira, pois agora não será mais um cobrador de impostos, mas um pescador de seres humanos para o Reino de Deus.
3. Lc mostra que essa nova vida é celebrada com um banquete, pois a festa indica a ação de Deus, presente na alma daquele que se converte. Para essa festa, foram convidados outros que faziam parte do mesmo universo pecador de Levi. Ali, no meio deles, Jesus se coloca como único caminho para a nova vida, para a verdade, para a dignidade, para o Pai, que concede a cada um e a cada uma, a graça da divinização por meio do Seu Espírito Santo. Ali, entre os pecadores, Jesus escuta cada um, mistura-se com eles, se perder sua realidade mesma, sem fugir do seu objetivo, mas dando-lhes uma oportunidade de salvação.
4. Os ditos "santos, puros", os fariseus, criticavam a atitude de Jesus. Certamente, eles interpretavam tal atitude como um escândalo, algo execrável, indigesto para Israel. Esses "santos" não estavam abertos a Deus, não se importavam coma novidade trazida por Jesus, não enxergavam a presença do Reino de Deus, mas tão somente a si mesmos, a Lei pela lei, o próprio nome e posição social, louvores e honrarias. Esses não se convertem, porque estão empedernidos nas suas próprias convicções. Jesus veio para os que são pecadores, para os frágeis, os limitados, os que precisam de Deus.
Um forte e carinhoso abraço.
Padre José Erinaldo
Padre José Erinaldo Ferreira de Lima
Pároco da paróquia de Nossa Senhora de Fátima, em Mangabeira, Zona Norte do Recife. Natural de Canhotinho, Pernambuco.
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