Maria, medianeira de todas as graças. O que significa isso?


A Virgem Maria é medianeira de todas as graças, porque ela nos deu Jesus Cristo.

O significado do título de “Medianeira de todas as graças”, atribuído a Nossa Senhora, está ligado, sobretudo à sua participação no Mistério da Encarnação do Verbo e no Mistério Pascal de Jesus Cristo. Mas esse título tem seu significado ligado também à mediação materna da Mãe de Deus sobre toda a Igreja e cada um de nós de modo particular. 

A mediação da Mãe de Jesus faz parte do cristianismo desde os seus primórdios e a Tradição da igreja reconhece a sua participação ímpar no Mistério de Cristo e na vida dos fies. As primeiras imagens de Nossa Senhora, feitas pelos primeiros cristãos, muitas delas em cavernas e catacumbas, nos ajudam a compreender esta verdade. Além disso, a doutrina da igreja, as Escrituras Sagradas e os relatos dos santos, também nos ajudam a compreender este tema.

Como Maria é medianeira de todas as graças se Jesus é o nosso único mediador?

Para falar da mediação da Virgem Maria, vamos partir da Palavra de Deus, na Carta de São Paulo a Timóteo. Vejamos:

“Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e a humanidade: o homem Cristo Jesus, que se entregou como resgate por todos” (1 Tm 2, 5-6)

Por essa passagem, não há dúvida de que Paulo nos afirma que Jesus é o único mediador entre Deus e os homens. Mas se voltarmos a alguns versículos, veremos que:

“Antes de tudo, peço que se façam súplicas, orações, intercessões r ação de graças por todas as pessoas, pelos reis e pelas autoridades em geral, para que possamos levar uma vida calma e tranquila, com toda a piedade e dignidade”. (1 Tm 2, 1-2)

Nesses versículos, o apóstolo dos gentios pede que se “façam súplicas, orações, intercessões e ação de graças” pelas necessidades da comunidade e por toda a sociedade da época. Mas se Cristo é o único Mediador entre Deus e os homens, por que Paulo pede a Timóteo e a sua comunidade que intercedam por suas necessidades e as de outras pessoas?

Paulo nos faz perceber que Cristo é o único mediador entre Deus e os homens de forma total, ou seja, com seu Corpo Místico, a igreja, cuja cabeça é Ele próprio. Se Cristo é a cabeça da igreja e nós somos membros do Seu Corpo Místico (1 Cor 12, 12; Cl 1, 18; Ef 5, 23; Rm 12, 4-5), somos portanto, participantes da mediação de Cristo. Dessa forma, a “mediação única do Redentor não exclui, antes suscita nas criaturas cooperações diversas, que participam dessa única fonte”. (CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Gentium, 62).

Em suma, se nós, que somos imperfeitos, cheios de fraquezas, inconstantes e pecadores, somos participantes da mediação do único Mediador, imagine aquela que O trouxe ao mundo e que, participou da Sua encarnação e mistério Pascal?

Maria é a “Medianeira de todas as graças”.

Portanto, a Palavra de Deus, a Tradição da Igreja sempre consideraram a mediação humana junto a Jesus Cristo, o único Mediador, pois a Santíssima Trindade não quis salvar a humanidade sem a cooperação dos homens. Na História da Salvação, desde a Antiga Aliança, muitas foram as mediações humanas como Abraão, Moisés, os reis, os profetas, as santas mulheres, os apóstolos e discípulos de Jesus Cristo. Mas, na plenitude dos tempos, Deus suscitou a mediação singular da Virgem Maria para o desígnio da Salvação da humanidade.

Nossa Senhora esteve presente em toda a vida terrena de Seu Filho Jesus Cristo, desde o Mistério da Encarnação do Verbo, passando pela Sua vida oculta em Nazaré e a sua vida pública, até a consumação do Mistério Pascal. Como que para simbolizar a sua mediação, depois da Ascensão do Senhor aos Céus, a Santíssima Virgem permaneceu com os apóstolos e discípulos. Essa mediação de Maria, que permanece pelos séculos até a consumação eterna de todos os eleitos, não exclui a mediação de Cristo, mas antes é um caminho mais fácil para chegar até o Filho, nosso único Mediador junto ao Pai. No entanto, essa mediação da Mãe da Igreja se diferencia radicalmente das outras mediações humanas por seu caráter materno.


A Virgem de Nazaré não somente gerou o Filho de Deus, mas também o alimentou, educou e acompanhou durante toda sua vida, até o momento supremo de sua existência terrena, a sua doação total no sacrifício da Cruz. Isso significa que a Virgem Maria é medianeira universal, pois ao entregar-se inteiramente ao seu Filho Jesus, ela cooperou na obra da salvação de toda a humanidade. Ao mesmo tempo, Nossa Senhora é nossa medianeira particular, porque sua maternidade espiritual estende-se também a cada um de nós, que somos membros do Corpo de Cristo. Nós somos gerados, alimentados, educados e acompanhados pela Mãe da Igreja por toda a vida, por isso ela é também nossa medianeira de modo particular.

Embora “Medianeira de todas as graças” seja um título de Nossa Senhora, e não um dogma de fé, o senso de fé do povo de Deus e a Igreja Universal são favoráveis a este, tanto que a sua celebração é reconhecida na Liturgia. Em 1921, o Papa Bento XV concedeu o Ofício e a Santa Missa da Bem-aventurada Virgem Maria “Medianeira de todas as graças”. A sua celebração, no dia 31 de maio, aconteceu primeiramente na Bélgica, mas se difundiu rapidamente por toda a Igreja.

“Deus reuniu todas as águas e chamou-as mar; reuniu todas as graças e chamou-as Maria”, escreve poeticamente São Luís Maria Grignion de Montfort em seu célebre “Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem”.

Bem-aventurada Virgem Maria Medianeira de todas as graças, rogai por nós!

Fonte: Site Canção Nova


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