Por que a Quaresma?
Desde os primórdios do Cristianismo a “Quaresma marcou para
os cristãos um tempo de graça, oração, penitência e jejum, afim de obter a
conversão”. Ela nos faz lembrar as palavras do Mestre divino: “Se não fizerdes
penitência, todos perecereis” (Lc 13,3).
Esses quarenta dias que precedem a Semana Santa, são
colocados pela Igreja para que cada um de
nós se prepare para a maior de todas
as Solenidades litúrgicas do ano, a Páscoa, a grande celebração da Ressurreição
de Jesus, a vitória Dele e nossa sobre o Mal, sobre o pecado, sobre a morte e
sobre o inferno.

A celebração litúrgica não é mera lembrança do passado, algo
que aconteceu com Jesus e passou, não. Jesus esta? presente na Liturgia. O
Catecismo diz que: “Pela liturgia, Cristo, nosso redentor e sumo sacerdote,
continua em sua Igreja, com ela e por ela, a obra de nossa redenção” (§1069).
Isto é, pela Liturgia da Igreja Ele continua a nos salvar, especialmente pelos
Sacramentos, e faz tornar presente a nossa redenção.
Mas, para que o cristão possa se beneficiar dessa celebração
precisa estar preparado, com a alma purificada e o coração sedento de Deus. A
Igreja recomenda sobretudo que vivamos aquilo que ela chama de “remédios contra
o pecado” (jejum, esmola e oração), que Jesus recomendou no Sermão da Montanha
(Mt 6, 1-8) e que a Igreja nos coloca diante dos olhos logo na Quarta-feira de
Cinzas, na abertura da Quaresma.
A meta da Quaresma é a expiação dos pecados; pois eles são a
lepra da alma. Não existe nada pior do que o pecado para o homem, a Igreja e o
mundo.
Todos os exercícios de piedade e de mortificação têm com
objetivo de livrar-nos do pecado. O jejum fortalece o espírito e a vontade para
que as paixões desordenadas, especialmente aquelas que se referem ao corpo
(gula, luxúria, preguiça), não dominem a nossa vida e a nossa conduta. A esmola
socorre o pobre necessitado e produz em nós o desapego e o despojamento dos
bens terrenos; isto nos ajuda a vencer a ganância e o apego ao dinheiro.
A oração fortalece a alma no combate contra o pecado. Jesus
recomendou na noite de sua agonia: “Vigiai e orai, o espírito é forte mas a
carne é fraca”. A Palavra de Deus nos ensina: “É boa a oração acompanhada do
jejum e dar esmola vale mais do que juntar tesouros de ouro, porque a esmola
livra da morte, e é a que apaga os pecados, e faz encontrar a misericórdia e a
vida eterna” (Tb 12, 8-9).
“A água apaga o fogo ardente, e a esmola resiste aos
pecados” (Eclo 3,33). “Encerra a esmola no seio do pobre, e ela rogará por ti
para te livrar de todo o mal” (Eclo 29,15).
Jesus ensinou: “É necessário orar sempre sem jamais deixar
de fazê-lo” (Lc 18,1b); “Vigiai e orai para que não entreis em tentação” (Mt
26,41a); “Pedi a se vos dará” (Mt 7,7). E São Paulo recomendou: “Orai sem
cessar” (I Ts 5,17).
Quaresma é pois tempo de rompimento total com o pecado.
Alguns pensam que não têm pecado, se julgam irrepreensíveis, como aquele
fariseu da parábola que desprezava o pobre publicano (Lc 18,10 ss); mas na
verdade, muitas vezes não percebem os próprios pecados por causa de uma consciência
mal formada que acaba encobrindo-os. Para não cairmos neste erro temos de
comparar a nossa vida com aqueles que foram os modelos de santidade: Cristo e
os Santos.
Fonte: Cléofas
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