Pare de reclamar e recomece

Em todo canto, há sempre alguém se queixando de “estar atrasado na vida”: é o fulano que não consegue seguir a dieta, o sicrano que não faz as lições do curso de inglês, o beltrano que nunca está em dia com os propósitos que fez.

Por alguma razão a queixa de inconstância é uma das mais universais entre nós brasileiros.
Mas isso não seria tão grave, não fosse pela “solução” que geralmente se arranja para esses casos: humilhado pelo peso das próprias falhas, o sujeito acaba desistindo dos seus objetivos, transformando as derrotas parciais em uma derrota definitiva. É a típica situação em que a emenda sai pior do que o soneto.
 
Na base de todos esses enganos, está um erro fundamental: aquele que nutre altas expectativas sobre si próprio desanima com facilidade à vista das primeiras falhas.
 
Se você chegou à conclusão de que determinados objetivos são importantes para a sua vida, desistir deles é desistir de quem você deseja ser.
 
O pulo do gato está em olhar com tranquilidade para as próprias falhas e recomeçar — com humildade e sem drama. Admitir-se fraco e propenso a errar é simplesmente admitir- se homem; mas desistir dos seus propósitos mais altos é tornar-se menos humano.
 
Sensação psicológica de falha é coisa boa! Significa que você se colocou metas mais altas. A melhor maneira de lidar com ela é retomando o caminho abandonado.
 
Desistir de um objetivo importante, simplesmente para eliminar aquela incômoda sensação de cobrança, é trocar uma sensação psicológica de falha por uma falha biográfica. Em última análise, é desistir de ser quem você deseja ser — e tudo porque você não suportou o peso da realidade.
 
Não, você não é infalível. Sim, você vai tropeçar muitas vezes. O que importa, na verdade, é a sua capacidade de reerguer-se, retomar o caminho e seguir em frente.
 
Caiu? Levanta!
Sabe o que vai acontecer se você desistir? Nada.
Não vai acontecer nada na sua vida. Mas, se você retomar seus objetivos, pode atingi-los.
 
Ficar olhando para trás — para os projetos que você abandonou, os livros que você não terminou de ler, os 10 kg que você não emagreceu — tira o seu foco do presente, que é o único tempo no qual você pode agir.

No seu carro há um enorme pára-brisa e um pedacinho de espelho para olhar para trás. Na vida também é assim. Se você tem síndrome de retrovisor e fica o tempo todo olhando para trás, vai se perder e ainda corre o risco de bater o carro.

A vida vai progredindo à custa de falhas e recomeços. Derrotas e recomeços, é assim que funciona.

Autor: Ítalo Marsili

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