Evangelho do dia - 06 março de 2020 - Mt 5,20-26 - Reflexão do Pe. José Erinaldo


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 20“Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus. 21Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal’. 22Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão: ‘Patife!’ será condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de ‘tolo’ será condenado ao fogo do inferno. 23Portanto, quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar, e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24deixa a tua oferta ali diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta. 25Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. 26Em verdade eu te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo”.

Reflexão:

10º dia do nosso retiro quaresmal.

1. “Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus”. Antes de tudo, o termo justiça não é empregado na Sagrada Escritura em sentido jurídico (dar ao outro o que lhe é de direito), mas no sentido da realização do plano salvífico de Deus. A justiça dos doutores da Lei e dos fariseus era marcada pelo jogo de interesse pessoal, pelas honras devidas ao mérito, pelo direito de se ter pelo que se fez, resultado da prática da Lei. Aos Seus discípulos, Jesus ordena o reconhecimento da misericórdia, a entrega de si mesmo como dom de salvação para o outro, a descoberta do outro como filho de Deus e, portanto, irmão na mesma pátria, na mesma fé e na missão. 
2. Na justiça dos fariseus e doutores da Lei, não havia espaço para os pobres, as prostitutas, os doentes, os possuidos pelo demônio, os coabradores de impostos etc. Todos eram marginalizados. Os intelectuais, os ricos, os sãos, os homens de “família”, esses sim, participavam dos melhores lugares, eram bajulados e considerados filhos de Deus. Jesus não valorizava os pecados das pessoas, mas as pessoas pecadoras, sofredoras e marginalizadas; Ele não somente curou-as e libertou-as do maligno, mas também para elas anunciou o Evangelho. Ele se preocupou com cada pessoa, olhou fixo em cada uma, entrou na realidade delas, sentiu com elas, viu-as interiormente e com amor, conheceu-as profundamente e soube da importância delas diante do Pai. 
3. Os discípulos foram formados e continuam sendo instruidos até hoje na descoberta do ser humano quanto à sua realidade de obra das mãos de Deus e necessitado da comunhão eterna com o Pai. Daí porque um cristão jamais tratará mal um outro, mesmo que ele seja um “estrangeiro”, um pagão, um desconhecedor e até mesmo um perseguidor da fé crista; não deve, por motivo algum, matar alguém, encolerizar-se contra ele, chamá-lo de patife ou de tolo. Ou seja, não se deve, por nada neste mundo, tratar alguém mal, desrespeitando-o, desvalorizando-o e ridicularizando-o, pois tudo isso indica uma espécie de assassinato, uma destruição da pessoa.
4. O discípulo, acima de tudo, deve estar atento ao outro, mediante a caridade, que brota de um coração convertido, assinalado pela Palavra de Deus e formado aos pés de Jesus Cristo, totalmente voltado para Ele e, decididamente, entregue à vontade do Pai. Alguém completamente consciente da beleza de ser um verdadeiro discípulo ou uma verdadeira discípula de Jesus, de ser um filho de Deus, de lançar-se na mesma missão salvadora de Jesus, pondo sua vida como um verdadeiro dom.
Um forte e carinhoso abraço.
Padre José Erinaldo
Padre José Erinaldo Ferreira de Lima 
Pároco da paróquia de Nossa Senhora de Fátima, em Mangabeira, Zona Norte do Recife. Natural de Canhotinho, Pernambuco

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